6 de março de 2011

Trivial, comum


Hverá algo mais comum do que "vamos tomar um café?" ?

Já nos calhou a todos e a todas. No entanto, a S. estava com um grupo de bons amigos num café perto de casa e, sorrateiramente, observou um rapaz e uma rapariga, sentados numa mesa um pouco à frente, frente a frente e sozinhos.


Ela, simples. Teria os seus 23/24 anos, cabelo liso escuro, olhos claros e, se não me engano, uma fita fininha. Casaco de malha branca e camisola preta. Ele, por volta dos seus 24/25, uma simplicidade também um quê de sensual. Casaco de couro, ar te maroto, a fumar o seu cigarro e atento na conversa dela, olhando-lhe directamente nos olhos.


Há certos sinais impossíveis de não reparar. Era óbvio que não eram namorados apenas pelo nervosismo, as mãos a mexer constantemente, o cabelo que nunca está bem, o brincar com o cigarro constantemente, as gargalhadas envergonhadas acompanhadas com um toque leve na mão um do outro por cima daquela terrivel mesa que os separa. No entanto, não os impede de estarem proximos, inclinados sobre a mesa disfarçadamente e tentando ao máximo o toque, o sorriso, o acordo.


Reparei tambem que havia leves toques com as pernas. Deduzi isto como sendo como o escuro de que já falei, que nos desinibe. Supostamente, debaixo da mesa, ninguém vê. É como se a própria pessoa em quem estivermos a tocar com a perna o não notasse. Mas nota, claro. Tanto que responde. A resposta? Fingir que nada se passa. Fingir que aquele toque nunca aconteceu, fingir que não deu por nada. É claramente nervosismo, interesse, folia.


Olham constantemente nos olhos um do outro, tiram a pinta um ao outro, olham sorrateiramente de alto a baixo, bebem a sua bebida confortávelmente, quando tudo o que lhes passa na cabeça por trás daquele ar inofensivo, é querer mandar a mesa para o lado e perder a cabeça, desejar que não estivesse mais ninguém naquele café, que a luz baixasse um pouco mais, que o raio das cadeiras estivessem juntas.


Ponho as mãos no fogo como a noite daqueles dois não acabou por ali. Era óbvio.

E tão, tão bom ver isto. Revejo-me naquele papel. É deveras estranho vermos como somos nestes "vamos tomar um café?". Mas gosto. Somos humanos, temos sentimentos, e é incrivel como o nervosismo pode ser a coisa mais doce e mais sensual em certos momentos.


2 comentários:

Anônimo disse...

vamos beber um café???
;P

beijo provocador,,,

SinneR disse...

tudo começa por aí... tem de começar por algum lado, não achas ?

bj doce